Egito
antigo

À medida que os seres humanos se espalharam pelo mundo, suas características físicas se adaptaram aos diferentes climas, como é o caso da melanina — pigmento que escurece a pele para protegê-la da radiação solar em regiões quentes e ensolaradas, como o Egito.
No entanto, ao longo dos séculos XIX e XX, uma perspectiva eurocêntrica da História procurou embranquecer o passado egípcio, negando sua negritude e apagando suas raízes africanas. Essa visão distorcida foi reforçada por livros, filmes e mídias que retratavam o Egito com personagens brancos, ignorando evidências históricas e arqueológicas. Essa manipulação serviu a interesses coloniais e racistas, que pretendiam negar à população negra uma herança civilizatória grandiosa.
Foi o movimento negro que passou a denunciar essas distorções e a exigir uma reescrita da História que reconhecesse o Egito como parte da cultura africana negra. Recuperar esse passado não é apenas uma correção histórica: é também um ato de resistência e valorização da identidade africana. Reconhecer o Egito como uma civilização africana é afirmar que a África possui uma trajetória rica, criativa e essencial para a história da humanidade.
Assim como a Antiguidade greco-romana serve de base para a identidade cultural da Europa, a civilização egípcia deve ser reconhecida como uma das matrizes civilizatórias fundamentais da África e da população afrodescendente. Promover esse reconhecimento é essencial para combater o racismo, valorizar a diversidade e construir uma visão mais justa e completa do passado.

Adaptado do artigo: DIOP, Cheikh Anta. Origem dos antigos egípcios. In: MOKHTAR, Gamla. História geral da África II. Brasília: Unesco, 2010.