
Religiosidade
Os egípcios eram politeístas, ou seja, cultuavam várias divindades. Normalmente os deuses eram representados na forma antropozoomórfica (parte humano e parte animal).
Para os antigos egípcios, o mundo visível era apenas uma parte de uma realidade maior, sagrada e invisível. Cada fenômeno natural, cada função social e cada fase da vida estava conectada a forças divinas. A mitologia egípcia era o alicerce que unia religião, natureza, política e ética.
Ao longo de mais de 3 mil anos, a religião egípcia evoluiu em formas locais e nacionais, mas sempre manteve o princípio de que a ordem universal — a maat — devia ser protegida contra o caos. Por isso, os mitos eram mais do que histórias: eram verdades cósmicas vividas em rituais e recontadas em arte, arquitetura, texto e cerimônia.
A mitologia egípcia é uma teia rica de histórias que buscavam explicar os mistérios da natureza, dos ciclos da vida, do universo e da condição humana. Desde o nascer do sol até os rituais de embalsamamento, os mitos conectavam o cotidiano dos egípcios a forças divinas invisíveis.

Cena de culto ao deus Osíris (IA)

Os mitos centrais do Egito Antigo
Mito da criação
Segundo os egípcios, Atum (deus da criação) emergiu das águas de Nun (o caos) para criar o mundo, gerando Shu e Tefnut (ar e umidade), que por sua vez deram origem a Geb (terra) e Nut (céu). Através deles nasceram Osíris, Ísis, Set, Néftis e, depois, Hórus — formando a base da família divina.
Mito de Osíris
Set mata Osíris e espalha seus restos; Ísis o ressuscita e gera Hórus, que vingará o pai e restaurará a ordem . O mito simboliza vida, morte, renovação e legitimidade real.


Representação de estátua do deus Hórus (IA)
Divindades
Conheça algumas das divindades egípcias:

Representação do deus Geb (IA)
Geb
Geb era o deus egípcio da terra, pai de Osíris, Ísis, Set e Néftis. Representado com pele verde e plantas brotando do corpo, simbolizava fertilidade e estabilidade. Sua risada causava terremotos, e o Egito era chamado de “Casa de Geb” por ele representar a própria terra.

Representação do deus Osíris (IA)
Osíris
Osíris era o deus egípcio da morte, ressurreição e vegetação. Governou a Terra, ensinou a agricultura e foi assassinado por seu irmão Set. Ressuscitado por Ísis, tornou-se juiz dos mortos no além. Era representado como uma múmia com pele verde, símbolo de renovação e fertilidade.

Representação do deus Hórus (IA)
Hórus
Hórus era o deus egípcio dos céus, da realeza e da proteção. Filho de Ísis e Osíris, vingou a morte do pai derrotando Set. Representado com cabeça de falcão, seus olhos simbolizavam o Sol e a Lua. O “Olho de Hórus” virou amuleto de cura, sorte e proteção.

Representação do deus Set (IA)
Set
Set era o deus egípcio do caos, da guerra e das tempestades. Irmão de Osíris, ficou conhecido por assassiná-lo e disputar o trono com Hórus. Representado com cabeça de animal mítico, simbolizava forças destrutivas, mas também era visto como necessário para o equilíbrio do universo.

Representação do deus Anúbis (IA)
Anúbis
Anúbis era o deus egípcio dos mortos, da mumificação e protetor dos túmulos. Representado com cabeça de chacal, guiava as almas no além e pesava o coração dos mortos. Foi o primeiro embalsamador, e sacerdotes usavam máscaras de chacal em seus rituais.

Representação da deusa Tefnut (IA)
Tefnut
Tefnut era a deusa egípcia da umidade, chuva e ordem cósmica. Filha de Atum e irmã-esposa de Shu, representava a força vital da água. Era retratada com cabeça de leoa e associada à fertilidade. Sua ausência causava seca, e seu retorno a inundação do Nilo.

Representação da deusa Bastet (IA)
Bastet
Bastet era a deusa egípcia da proteção, fertilidade e maternidade, representada como mulher com cabeça de gato. Gatos eram sagrados e frequentemente mumificados em sua honra. Ligada à alegria, música e dança, Bastet também simbolizava o amor e a harmonia familiar.

Representação do deus Ptah (IA)
Ptah
Ptah era o deus egípcio da criação, artesanato e arquitetura. Patrono dos artesãos e construtores, era representado como homem mumificado com cetro. Ligado à habilidade manual e à inspiração criativa, simbolizava vida, estabilidade e poder.

Representação da deusa Nut (IA)
Nut
Nut era a deusa egípcia do céu, mãe de Osíris, Ísis, Set e Néftis. Representada com o corpo arqueado e coberto de estrelas, separava o céu da terra. Acreditava-se que o Sol nascia de seu ventre e era engolido à noite, simbolizando o ciclo eterno da vida e da morte.

Representação da deusa Ísis (IA)
Ísis
Ísis era a deusa egípcia da magia, maternidade e proteção. Esposa de Osíris e mãe de Hórus, ressuscitou o marido após seu assassinato por Set. Era considerada a mãe dos faraós e protetora dos navegantes. Seu culto se espalhou por todo o Mediterrâneo.

Representação da deusa Hathor (IA)
Hathor
Hathor era a deusa egípcia do amor, alegria, música e maternidade. Representada com chifres de vaca e disco solar, era chamada de “Senhora do Céu”. Protetora das mulheres e dos mortos, seu culto incluía danças, festas e o uso do sistro em rituais.

Representação da deusa Néftis (IA)
Néftis
Néftis era a deusa egípcia da morte, proteção e magia. Irmã de Ísis e esposa de Set, ajudou a ressuscitar Osíris e proteger os mortos. Mãe de Anúbis, era retratada com asas e associada aos rituais funerários. Seu papel era guiar e proteger as almas na travessia para o além.

Representação do deus Hapi (IA)
Hapi
Hapi era o deus egípcio do Nilo, responsável pelas cheias que fertilizavam a terra e garantiam colheitas abundantes. Era símbolo de prosperidade e equilíbrio, sendo reverenciado como fonte de vida. Seu culto celebrava a generosidade do rio e sua importância para o povo egípcio.

Representação do deus Khefera (IA)
Khefera
Khefera o deus escaravelho, simbolizava o renascimento e a renovação no Egito Antigo. Representado como um escaravelho ou homem com cabeça de escaravelho, acreditava-se que ele rolava o Sol pelo céu a cada manhã. Era associado ao ciclo da vida e à transformação espiritual.

Representação do deus Rá (IA)
Rá
Rá era o deus egípcio do Sol, criador do mundo e dos deuses. Representado com cabeça de falcão e disco solar, viajava pelo céu em uma barca sagrada. Era considerado o pai dos faraós e símbolo da vida, luz e ordem cósmica.

Representação do deus Thot (IA)
Thot
Thot era o deus egípcio da sabedoria, escrita e magia. Representado com cabeça de íbis, criou os hieróglifos e o calendário. Atuava como escriba dos deuses, registrando os destinos das almas. Era patrono dos escribas e símbolo do conhecimento divino.

Mumificação
A mumificação no Egito Antigo era um ritual religioso essencial, pois os egípcios acreditavam que a alma só poderia alcançar a vida eterna se reconhecesse seu corpo preservado.
O processo começava com a retirada dos órgãos internos, exceto o coração, considerado sede da inteligência e necessário para o julgamento no além. O corpo era lavado com água do Nilo e depois desidratado com natrão, preenchido com ervas e serragem, e envolto em bandagens de linho embebidas em resina.
Amuletos eram inseridos entre as camadas para proteção espiritual. Curiosamente, animais também eram mumificados, e múmias eram enfeitadas com adornos e máscaras mortuárias.

Cena de mumificação egípcia (IA)
Veja o vídeo sobre como era feito o processo de mumificação egípcia:

Tribunal de Osíris
O Tribunal de Osíris era um dos pilares da espiritualidade egípcia, representando o julgamento que cada alma enfrentava após a morte. Segundo a crença, a vida terrena era apenas uma etapa, e o comportamento moral do indivíduo determinava seu destino eterno. Ao morrer, a alma era conduzida por Anúbis, deus dos mortos, até a Sala das Duas Verdades, onde ocorria a cerimônia da pesagem do coração. Esse órgão, considerado sede das emoções e da consciência, era colocado em uma balança e comparado à pena de Maat, deusa da verdade e da justiça. Se o coração fosse mais leve ou igual à pena, a alma era considerada pura e recebia permissão para entrar nos Campos de Iaru, o paraíso egípcio. Caso contrário, era devorada por Ammit, criatura híbrida de crocodilo, leão e hipopótamo, condenando o espírito ao esquecimento eterno.

Cena do julgamento da alma no tribunal de Osíris, com a pesagem do coração (IA)
O Tribunal de Osíris era um dos pilares da espiritualidade egípcia, representando o julgamento que cada alma enfrentava após a morte. Segundo a crença, a vida terrena era apenas uma etapa, e o comportamento moral do indivíduo determinava seu destino eterno. Ao morrer, a alma era conduzida por Anúbis, deus dos mortos, até a Sala das Duas Verdades, onde ocorria a cerimônia da pesagem do coração. Esse órgão, considerado sede das emoções e da consciência, era colocado em uma balança e comparado à pena de Maat, deusa da verdade e da justiça. Se o coração fosse mais leve ou igual à pena, a alma era considerada pura e recebia permissão para entrar nos Campos de Iaru, o paraíso egípcio. Caso contrário, era devorada por Ammit, criatura híbrida de crocodilo, leão e hipopótamo, condenando o espírito ao esquecimento eterno.
O julgamento era presidido por Osíris, deus da ressurreição e do além, que ocupava o trono como juiz supremo. Ao seu lado estavam 42 deuses menores, cada um responsável por julgar uma virtude específica. O falecido precisava fazer a “Confissão Negativa”, declarando não ter cometido uma série de pecados, como roubo, mentira ou injustiça. Thoth, deus da sabedoria e da escrita, registrava o veredito, garantindo que tudo fosse feito com precisão divina.
Esse ritual não era apenas simbólico: influenciava profundamente o comportamento dos egípcios em vida. A moralidade, a justiça e o respeito às leis de Maat eram cultivados como forma de garantir um coração leve no pós-vida. O Livro dos Mortos, um conjunto de feitiços e instruções funerárias, era frequentemente enterrado com o falecido para ajudá-lo a enfrentar o tribunal com sucesso. Representações do julgamento aparecem em murais de tumbas e papiros, mostrando o falecido diante da balança, com Anúbis, Thoth e Osíris observando atentamente.
Mais do que um mito, o Tribunal de Osíris refletia a busca egípcia por equilíbrio cósmico e justiça eterna. Seu legado transcende o tempo, influenciando até hoje reflexões sobre ética, responsabilidade e o valor das ações humanas.